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Somos Eternos

10 maio 2015

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Enquanto desenho as camadas de cada letra neste pedaço de papel tão pálido quanto a noite que envolve os rostos decadentes escuto a melodia que suga os ares da eternidade.
Preciso incendiar a chama mesmo debaixo desta chuva, necessário é manter-se vivo em caso de sobrevivência, pairar sobre o vácuo deste instante sabendo que somos eternos.
Mas as paredes dançam.
Cortam-se os pesares que outrora carregávamos sobre nossos ombros doloridos, ouvimos aquilo que sempre nos fora dito, porém nunca desejamos estar tão perto quanto agora, sabemos que somos eternos.
Cada gota gritante de chama que cai do sol e atravessa os polos desta camada atmosférica se torna maravilhosa quando nossos olham se chocam com brancura e brandura de sua luz ofuscante. O desejo de voltar ao lar é abundante quanto as cataratas que sugam a visão de muitos que não desejam ver ou fingem.
Aguardo o abraço desta sinergia que perpetua o universo a cada segundo, tenho certeza que o tempo e espaço serão moldados enquanto falas aos homens que se deleitam em cada camada de todas as letras desenhadas neste pedaço de papel.
Os sinos bradam.
O pensamento flutua somente nas águas da memória quando teu rosto ancora-se no porto da minha mente e assim meus passos mesmo mal dados neste solo liso e escorregadio saltam sobre as cabeças dos ambulantes desgovernados que desejam perder sua liberdade achando que serão livres por alguns instantes.
Nesta altura ascendente iremos alçar voos deixando que o suicídio se mate de tanta tristeza. Vamos deixar que nossa depressão se assuste com o tormento quando sairmos com nossa felicidade porta a fora. Estamos certos que somos eternos.
O vento canta.
Os subúrbios cheios de corações amarrotados mesmo depois de serem engomados cortam os pulsos com sua alegoria desdenhosa de uma vida maltrapilha, mas acreditamos ainda que toda essa imagem não se perpetuará na moldura deste quadro deprimente.

Sei que nosso tempo está tão ofegante quanto nossa respiração, sei também que a vida está tão fatigante quanto nosso corpo, mas ainda sei que mesmo que as paredes continuem dançando sua valsa no escuro e os sinos despertem com seus brados na aurora que estar por vir e ainda que o vento cante suas lamúrias em cada estação que não cansa de se repetir eu sei que somos eternos e nada do que foi dito até aqui vai tirar esta certeza que não cabe mais em mim.

Meu Pedaço De Universo

10 abril 2015

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As ideias catalisaram-se no instante em que meus olhos se abriram nesta manhã cinza e caótica. Elas dançaram entre as nuvens cheias de si, elas pairavam sobre seus saltos, elas caiam em constante fervor em forma de chuva.
O gotejar dos passos dados nas calçadas molhadas quase me fizeram despencar em uma rampa com cimento ressecado, meus pés quase se quebraram e meus dedos em breve se fragmentarão de tanto seguir as pegadas desbotadas.
Tenho um pedaço do universo no meu quintal, mas não é um mero pedaço, é a melhor parte, nele posso enxergar a mínima partícula do todo que envolve os corações em construção.
Não me importo em me importar com o que é importante, não me interesso em estar interessado no que é desinteressante e não desejo aquilo que não me é desejável, apenas vivo e isso já tá de bom tamanho.
Os parágrafos complexos que tentam cabular meus dedos terminaram seu trabalho e então deixo que as virgulas continuem com seu fardo durante a pausa obrigatória neste sinal vermelho cor de sangue azul.
Delírios deletados deslizam deliberadamente.
A cada dia que teus questionamentos estiverem sem resposta, lá estarei eu para compartilhar tuas duvidas e até mesmo me empenhar em sinceridade derreter as perguntas para que não te tornem frágil, mas como toda preposição é cheia de conduta simplificada, me exercito nas tuas pupilas que me engrandece e nos fios dos teus cabelos cacheados que faço de trapézio para viver a vida perigosamente.
Acorde os acordes das notas intactas. Carregue o fardo leve. Corra sem precisar desistir. Sonhe sem necessidade de que haja sonolência em teus olhos dormentes.
Depois desta pausa proposital, penso em apenas finalizar todo processo que se seguiu até aqui, mas é importante frisar que minhas letras continuam no Caminho, mesmo que minhas canetas e lápis estiverem gastos, mesmo cambaleando no sentido dos marasmos cotidianos.



Às de Copas

14 fevereiro 2015

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As coisas se moveram do lugar e os móveis já estão todos envelhecendo, paredes tortas com pintura descascada mostra que um dia havia vida ali.
As noites se distanciaram do seu lar e as estrelas estão perdendo seu brilho, rotas universicas  fora do radar exploradas por ninguém.
As voltas dadas sem parar, não fizeram com que o tempo parasse e continuássemos os mesmos, estamos debaixo de um padrão perpendicular, corpos em degelo.
Às de copas sobre a mesa mostra o blefe sem pudor ou distinção, carapuças vestidas como peças a rigor num baile de máscaras sem rostos ou olhares quentes.
As notas tocadas na harmonia causada por dissonantes discussões que não mostram fundamentos ou tons que não refletem estações.
As milhares de cores apagadas que um dia estavam em minhas mãos, se tornam escuras, apagadas assim como o estado atual do meu coração.
As portas outrora fechadas, madeira ou vidro não importam como são, já não existem, apenas fachadas, placas mortas dão a direção.
As quintas quentes de um verão sem precedentes me mostram a hora que devo acordar, sem rimas sem versos ainda contentes não há um sorriso que possa esboçar.
As tristes comédias de um trovador que antes cantava sem necessidade de se esconder, agora não mostram nem mesmo o rancor que um dia havia em seu tardio ser.
As balas perdidas no ar rarefeito destroem o corpo já quase desfeito divago devagar devaneiamente entrelaçando os contornos das palmas da minha mão.
As perdas que vi, vivi e senti já não sei mais o que esperar, só sei que é triste ter que sucumbir e desfalecer até me entregar.
As frases distintas que até aqui escrevi não são relativas ou mesmo sem noção, são compostas do que observo, são pólvoras queimadas sem explosão, são falácias perdidas em tempo e espaço somente pra descontrair um desabafo de um teto caído em ruínas, pedaços de perdas vividas que vieram ao chão. 

O Som do Espírito

12 fevereiro 2015

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O relógio caminha depressa forçado pelo tempo que persiste em seguir, as horas se desintegram, os ponteiros pendurados em si mesmos não se cansam em decifrar como a vida é passageira.
O sopro que perturba meus olhos persiste em querer me levar pra longe assim posso perceber que não é isso que faz mover meus passos, mesmo fraco, com insanidade à beira da loucura corro os altos picos pra ver se há horizonte aqui.
Me movo nessa mutação perpetua e essa transmutação me fortalece a cada raio de sol mesmo com todo o alarde da multidão que não se consola com o suor do seu corpo.
Tenho a certeza que sobreviveremos entre trancos e barrancos e corações despedaçados pelos cantos e não sinto saudades daquele tempo bobo cheio de incoerências, morrer pode ser bom.
O amor é movimento e a força está contida nele, e é este que faz com que a humanidade seja humanizada a cada passar de segundos, a cada outono que reflete nas folhas caídas.
E assim me reciclo para que os pontos sejam fechados e as cicatrizes sejam visíveis para quando eu encostar a ponta do dedo me lembrar do que eu era e o que me tornei.
Quando o verde sobressair novamente verei que já não sou mais um cadáver inerte que possuía um ruído profano, sou um corpo vital que foi sacralizado pelo silêncio.
Sou um ser que é, sou feito de mim na imensidão do todo catalisando o que há;

Sou movimento que retrocede pra prosseguir, alguém em constante mutação para que não pare meus batimentos cardíacos, a inércia pode petrificar o coração.

Confortavelmente Entorpecido

03 fevereiro 2015

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As ideias estão correndo pelo espaço do meu quarto, elas são tão abstratas que nem mesmo um ectoplasma pode segurar em suas mãos sem que sinta o peso que elas carregam nas costas.
Há tempos que não acredito em meus janeiros, eles têm sido maltratados durante sua estadia no calendário, no momento presente são e foram apenas lágrimas e sombras diluídas em vinagres sob luzes de tochas acesas iluminadas pela lua crescente.
Pretendia seguir as ordens das frases que fui catando aqui e ali durante um tempo, mas deixei que isso ficasse em ordem aleatória.
E por falar em tempo, peço que anule o tempo que nos encontraremos todos ao mesmo tempo no Tempo sem tempo e assim entenderás o que já é dito desde antes de contar nossos dias evasivos e transitórios.
Aí eu paro, observo e recomeço a compor sobre falas de filósofos preguiçosos que discutem sobre suas teorias em um cemitério de automóveis reverenciando motores inanimados enquanto suas engrenagens cerebrais desandam em demasia martelando teorias tolas. Viver é um exercício.
Em nosso presente, somos pegos de surpresa por cada atitude segmentada de um sorriso e um olhar cativante, digo que não devemos agradecer pelo amor que recebemos vivê-lo de fato é a melhor forma de dizer “Obrigado”, a melhor maneira de desfrutá-lo em profundidade.

Sinto-me confortavelmente entorpecido pelo pouco vento que sem convite entram em meu quarto onde as ideias estão correndo, felizmente nenhum ectoplasma pode segurá-las, se assim não fosse haveria um dissipar de pensamentos residuais que não merecem ser exposto em nenhuma tela branca sem que esta perca o brilho de sua alva.
Ainda espero por aquela frase de efeito que fazem com que as pessoas reflitam, mas nada há de melhor que refletir sobre os passos que damos, sobre a vida que vivemos, sem ela apenas existimos em um mar de desesperança vaga sem uma cruz pra servir de sombra em nossas andanças alegóricas e às vezes desérticas.
Vou aproveitar o ensejo para menosprezar tudo o que não há valor, apenas são coisas etiquetadas com preços abusivos. Apenas digo que tua voz acalanta meus olhos assim como o falar das tuas Iris traduzem as intensas palavras que meus ouvidos desejam escutar.

Somente desejo que nossos dias sejam mais que perfeito mesmo não sabendo conjugar os verbos de forma plena, mas que todos os bons adjetivos estejam entranhados em nossa fala, assim seremos bons ( ou algo similar), assim seremos nós como deveríamos ter sido desde o inicio daquilo que não iniciou-se de si mesma.

Uma Ultima Canção.

20 dezembro 2014

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Na penumbra das minhas palavras que não desejam ser lembradas pelo que representam há cores sem tons e no semblante dos que se perderam no caminho existe uma gota de esperança que teima em não se desprender dos seus peitos mornos.
Eu sabia que dentro desta vida há uma vida ainda maior, mas por um momento esqueci os passos da dança e apenas observei sentado em um canto do salão, apenas escutava a Música.
Um dia me peguei sendo guiado e me senti constrangido, sério, foi surreal. Continua sendo, continuamente sou.
Não entendia como mesmo eu sendo um complexo hipócrita defeituoso e inquieto contraditório em demasia seria abatido por algo que tanto desejava e não sabia onde buscar, mas no meio de tanta confusão histérica de gritos da alma, de choros e lamúrias fui achado e consequentemente fui e tenho sido amado.
Na penumbra da minha alma que não deseja ser exposta pelo que representa há dores sem fins e no semblante Daquele que me encontrou e me colocou no Caminho existe um oceano de esperanço que teimo me afogar com meu corpo quente. Eu sei que estarei lá e de volta outra vez.

Eu sabia que dentro de mim a vida ainda maior há, e por nenhum outro momento esquecerei dos novos passos que a Música me ensinou, me rendi ao que se mostrou de fato e verdade e assim pude entender que quando o Kairos invadiu o Cronos a graça inundou a humanidade.

Os Pontos das Cicatrizes

09 outubro 2014

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Respiro para tentar me sentir um pouco mais vivo anexando as frases numéricas que oscilam neste ar.
Meus olhos marejados sem escamas sob a cor da lua vermelha refletem as chances de sair daqui. Pelo menos por alguns instantes. Não há quem ligue os pontos das cicatrizes que deixei quando pisei na esperança que estava deitada no chão do banheiro. Somos sobreviventes seres viventes.
Te vi curando o silêncio enquanto despedaçava a eternidade com teus olhos, foi assim que percebi que sem ti não há sentido, sem ti dor há.
Certo dia meus heróis morreram numa batalha de egos que foi travada entre si, pedaços destes egos foram plastificados e estão sendo vendidos em qualquer esquina dentro de uma embalagem mal feita.
Enquanto escrevo bocejos sem inspiração assim me lembro das frases que ecoavam de tua boca, só desejo que eu e você sejamos nós, nós fortes que durem até o fim deste tempo sem tempo.
Quando eu cair no sono e sonhar contigo em forma de desenhos perpendiculares espero que nossos lábios se toquem como a melodia se derrama nos ouvidos da plateia como uma torrente impetuosa. A Calma vem tão calma e macia rasgando minha impaciência de alto a baixo, deixo a ampulheta vazia para quem deseja perder seu tempo com futilidades. Recordo.
Dizem por aí que às vezes é melhor levar um tiro na cabeça pra poder acordar de algumas situações. Fui alvejado, ao ler tua voz inocente cheia de segurança como alguém que tivesse vivido meu sono.
Pianos dedilhados derretem-se na avenida fazendo com que os pés escorregassem nas notas tônicas, mas os tons mudavam conforme o sentimento dos transeuntes, alguns dançaram com sua sombra na parede, sorridentes e felizes, outros desandaram em demasia em sua valsa torta.

Findo o dia sabendo que o dia ainda não findou-se, sem palavras ensaiadas nesta manhã sonolenta sigo firme acreditando que o pior chegou, mas que o perfeito encontra-se aqui desde antes da existência da existência e é neste acorde que me seguro, é este acorde que me acorda, é esta canção que ouvi na casa de onde vim que desejo escutar mais uma vez.

Dedicatória

06 setembro 2014

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Estalei os dedos ouvindo o relógio correr seus segundos rapidamente, o telefone que emudeci deixou os contatos falando suas peripécias sem importâncias ao longe dos meus ouvidos.
Sim, já não me importo.
Sei que mesmo rodeados por diversas pessoas, nós jogamos o jogo as solidão, cada um sentado num canto para ver quem primeiro vence o sofrimento.
Observo aqueles que com crise de identidade pendem-se aos cartórios da vida, mudam-se as cédulas, mas persistem os sintomas da busca de ser quem não são.
Estamos em uma guerra tão fria que não nos enfrentamos, nem ao menos verificamos se nosso oponente (que somos nós) se movimenta.
Uma luta vã.
Me pergunto se naquela sala barulhenta meu coração de fato ouvirá as batidas dos teus passos em direção à porta da minha vida, digo isto por que podem até acreditar que eu seja uma fraude, mas sou um traficante de letras esboçando no bolso ou na bolsa os valores que foram perdidos.
Parágrafo. O Texto segue.
Digo que mesmo aqueles que te (me) tem por perto não  valorizam, ainda existem tantos outros que me (te) querem e desejam, sem pestanejar não se limitam em si mesmos.
Dedico esta canção ao quebrado
Dedico esta canção ao caído
Dedico também ao esquecido
Dedico a mim e a ti.
Dediquemo-nos

E por fim para comemorar esta trama de embaraços que por um momento me corrói (de fato sim) e também para que os parênteses deem lugares às reticências em nossas vidas ergamos as taças em nossas mãos e...

Abóboda Estrelada

26 agosto 2014

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O dia mal começou e a vida já se encontra deteriorada.
Os pedaços dos pedaços dos pedaços me dão licença poética pra aquecer minhas mãos na chama do isqueiro e me livrar desse frio que tenta abater meu coração.
O semblante solta-se do rosto mesmo ter passado cola no meu pretérito perfeito.
Observei tantas observações rascunhadas nas orelhas de livros não lidos e então me peguei pensando em uma análise reflexiva sobre a doença de existir e a necessidade de morrer. E o desânimo bate à porta.
Enquanto vivia uma semana com seus fins chorosos me lembrei das lições que recebi desde sempre daquele aniversariante que não pude abraçar, pois já não mais é.
A música para.
Palmas.
O concerto continua sem ponto
As paredes dançam e o teto teima em cair como céu sobre minha cabeça e eu não me dou o luxo de manter muito a mente aberta para não correr o risco que meu cérebro despenque.
Assim vou utilizando de preposições quando me vejo de mãos dadas comigo descendo as escadas e me vejo num mundo paralelo que não deveria existir mais, porém me inclino e acrescento uma virgula nesses pensamentos e me embriago nas vias sonoras da filosofia do teu corpo.
Estava tentando encaixar as frases com precisão para que não tropecem enquanto caminham sobre estes asfaltos literários sufocantes dilaceradores de retinas.
Toda via leva a um rumo um tanto especifico e o que aprendi nesta andança sem ritmo foi que não preciso conjugar o Verbo, apenas amá-lo assim como Ele o fez comigo desde antes de eu vir a ser.
Todavia me disponho em descartar todas aquelas vozes cheias de palavras mudas para pintar estrelas na abóboda de tua boca e escutar a chuva em bom tom devido às acústicas da tua fala que impregnam meus ouvidos lamuriosos.

O que me fortalece é este peso de felicidade que carrego sobre os ombros enquanto a valsa é tocada e atravesso o salão sem prestar atenção nos bailarinos para que não me esqueça do quanto devo continuar sendo aquele que continuo sendo.

Solidão dos Campos

25 julho 2014

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Senti um frio de solidão dos campos até o horário de acordar para ver as entregas das manchetes de jornal.
Vi três gigantes morrerem na mesma semana que meu domingo se esvaia.
Vi o encanto de um sorriso majestoso sem permissão de entrega e acho graça daqueles que se sentem, mas não deixam os outros seres apenas serem, são como uma fagulha que destrói os campos sadios de alguns corações.
Rostos tristes se enquadravam acima do último parágrafo em que a rima se desprendia para dar espaço a vogais consonantais.
Os gritos se desfazem e assim me sinto como um homem de isopor que exemplifica e questiona a equação da queda onde o número calculista lhe persegue friamente.
A sua razão cai e desintegra os olhos.
Eu aqui perdido no castanho das tuas pupílas descansando meus sonhos sobre tua pele, tua derme dorme.
Sobre minha reflexão ao som do tom menor de uma escala percebo que alguns números são tão racionais que esquecem que os outros têm sentimentos.
Apenas ouço o silêncio.
De leve brota em mim uma vontade chorosa de aliviar teus pesares nessa chuva que vejo descer naquela janela.

Sombrio descanso que repele a sujeira das paredes permeiam a calma que reside em mim e assim me concentro em tua boca que me cala para que eu possa encerrar minha fala.

Sonhos Perdidos

14 junho 2014

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Sorrateiramente me esquivo do sono e sento à beira do caminho em mais um desencontro
Sem cores na aquarela, discorro em tons pastéis pintando nuvens, desenhando céus de bocas
Silencio os sermões desnecessários carrancudos e indisciplinados
Sombras e luz em contrastes com brilhos tontos
Sigo em frente e revisito o cemitério dos meus sonhos
Me deixo ir! Me permito chegar a este lugar e chegando lá me perco em minhas memórias.
 Eu vejo todo o cenário, mesmo com dor no olhar. Eu tento voltar,
Mas... Caramba! Qual o caminho, afinal, a trilhar? Sinto que estou longe da minha fé,
Embora esteja perto dos meus sonhos... Todos perdidos!
Perdidos em um labirinto em que me coloquei um tanto por vontade própria
Desnudando meus pesares que antes eram minha fortaleza
E sei, sim ainda sei que as pegadas deixadas no chão ainda podem ser encontradas.
Mesmo me sentindo vagando no vácuo deste limbo  existencial
Tento me acalmar, pois ainda tenho pés para caminhar até o meu final.
 Tentar ser feliz outra vez e recomeçar, pensar: "Não acabou",
Seguir, mesmo com a dor daquilo que foi sonhado, que não concretizou.
Concreto tanto pode ser substantivo que designa ser acessível aos sentidos
Quanto designar a areia, o cimento, a água e o cascalho que não foram usados por ti,
 Metaforicamente falando, para concreto tornar os sonhos teus que, de tão abstratos,
Só e existiram no domínio das ideias que nunca saíram de ti...
E são tão gramaticamente falhos que nem mesmo teu vocabulário consegue distinguir o que realmente são
Olhando por esse prisma um tanto decadente, podemos ver que aquilo que sentes é tudo que não queria sentir.
Mas com preposições posicionadas fora da tangente me ponho a crer que tua alma teme
E se não teme ainda não entende que o sonho tende a concretizar-se ainda no por vir.

E que ha de se dizer desse buraco entre o que é e o que será entre o que há e o que há de vir, entre prever esse por vir?

Escrito em parceria com Lêh Sanctus 

Fetos Consumados

22 maio 2014

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(para meu sobrinho que se foi antes de chegar.)

O ultimo acorde foi dado e assim a música cessou seu balançar. A dança acabou.
O ultimo ficou acordado para que o silêncio estivesse em segurança após o tumultuoso e apagasse a luz que não foi dada.
A quimera desvaneceu na aurora do tempo em que havia sentidos e hoje apenas sem tidos permanecem corações despedaçados que arriscaram seus prantos tantos lamuriosos
Eu que praticava suicídios semanais desafinei a corda que segurava meu pescoço há dias já não posso mais fazer meus exercícios.
Tu que já nasceste póstumo e me fez descartar lembranças de algo que ainda havia de ser e me recordo ainda das memórias futuras que desde já pretendo esquecer.
Sei que o que foi feito pode vir num momento oportuno, onde sei que não mais tu, porém outro além de ti será conosco e não será apenas um rosto, mas uma identidade concreta que com afeição histérica consolará esta perda.
Mas ainda assim sorrio, pois o Dono das Perfeitas Vontades equilibra meu universo não deixando nenhuma estrela cair nem mesmo uma lágrima descer do céu.

Um novo acorde em tom diferente será tocado para que a dança renove os fetos e os fatos sejam consumados.

O Caos Reparado

17 março 2014

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A chuva alagou a caixa de papelão onde guardava meus anseios, era branca e desbotou ainda mais, ela se desfez quando toquei seu lado esquerdo e eles, os anseios, navegaram pela correnteza abaixo.
Guardei várias frases de impacto, mas meu bolso furado fez com que as letras viajassem sob as folhas caídas no outono precoce desta minha vida um tanto desengonçada, mas deixarei que elas enfeitem suas guirlandas no natal.
A solidão assola, mas sei que não sou um individuo isolado como se fosse uma partícula segregada do Todo, ou até mesmo um átomo divorciado do universo assim como pensava outrora nas outras estações antes de chegar e sentar neste vagão vazio.
A saudade me chamou pelo nome, como se fosse uma amiga intima, não dei importância ao seu chamado e segui adiante caminhando pelo cateto oposto. A vida nem sempre é exata.
No término deste dia ou na alvorada do que está por vir sei que caminharemos juntos mesmo não estando juntos e a alegria que está preparada no amanhecer da eternidade pairará sobre nossas cabeças, mas a esperança divinal se acalanta em nossos peitos me arrancando suspiros.
A melodia do frio com a letra que o vento compôs sobre a alameda desta terra soa como os versos cheios de pretensões da lua invernal e diante de todas as afirmações e reflexões que de mão dadas tentam sobrepor-se ao advento manifestado da minha poesia camuflada questiono...Como poderá harmonizar um caos que já está reparado?

Tempo Paraplégico

06 dezembro 2013

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Fechei meus olhos e foi teu rosto que vi e fez meus olhos despertarem e eles sorriram.
A chuva cai em demasia e suas gotas são absorvidas pelo calor que inunda o ar
As linhas que se seguem me fazem entender que há um ponto crítico em todas as minhas sintaxes
Me entorpece sedosamente a firme ideia de ter certeza absurda que és minha musa...
As luzes da cidade vazia embriagada em nostalgias que cercam todo o meu ambiente
Prometi quebrar a promessa que me pus a prometer e assim o fiz.
Teu braço é meu porto seguro onde me abraço na superfície da tua pele cálida e macia.
Mas este tempo paraplégico se arrasta com dificuldades de movimentação, mas tudo segue conforme o bailar dos ponteiros e assim eu vou para que de perto meus pequenos versos sejam compostos por tu que és a unidade na minha diversidade, a minha inspiração...
E o que mais me importa é ver o teu reflexo em minha voz que soa em timbres catalisando teus sentidos nos quais me revisto com as tuas abstrações rebuscadas para que o que sinta faça sentido mesmo sem haver.
Te amo com todos os átomos do meu corpo.
As brisas camuflam o ar rarefeito que tenta impedir minha respiração, mas em ti encontro guarida, pois somente tu és meu sopro etéreo de vida.
Te descansarei sobre meus esforços nas loucuras e contradições de todos os meus paradoxos, nas cantigas ou até mesmo em uma frase sem efeito para compor em teus lábios as partituras de um beijo.
O céu enegrecido silenciosamente canta a sua canção.
E nessa melodia que se inicia vejo que és a letra que se encaixa perfeitamente para que todos saibam que em nós não há  espaço para utopias mesmo que sejam possíveis de ser alcançadas.
Vou sussurrando, segredando teu nome para as paredes do meu quarto para que fiquem registradas todas as vezes que te chamei, sei que o momento oportuno ainda há de ser, mas enquanto isso vou te desenhando, te compondo em cada letra descrita até aqui e no devir

Foi-se

19 novembro 2013

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Foice
    Na mão e olhos bem atentos
Passos tranquilos e sorriso largo
E Maria
          Foi-se.
Virtuosamente calada e surpreendente
Andando pela calçada
Com a foice sempre armada
E Antônio foi-se.
Foi-se o sonho, foice afiada
Quando se vão não sobra mais nada.
Era dia de sol, mas o dia escureceu
Com a foice na mão ela apareceu.
Com o rosto suado e sangue em seu corpo.
Retiraram sortes das roupas do quase morto.
E foi-se...
Mas Ele voltou depois de três dias
Saiu do túmulo que não o prendia.
E mostrou-se.
Seus olhos assustados não puderam entender
Do jeito que se foi não podia viver.
Seus gestos suaves com corte s nas mãos
Olhou em seus olhos
E ela foi ao chão
Com sua foice
          Foi-se.

As Ruínas do Olimpo

02 outubro 2013

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Estranhei o céu sem nuvens me senti um tanto desnudo sem vê-las lá no alto
Lembro de que havia formas, em sua maioria disforme, mas ainda eram elas.
Remexendo a caixa que Pandora me emprestou,  percebi que tinha algo meu ali perdido e não me dava conta da insignificância do que restava de mim ali, quem se importa? Nem eu, muito menos você.
Talvez nunca deixe de ser a pessoa mais seca que alguém conheceu ou uma pessoa complicada, até mesmo nunca deixe de ser complexado de alma assim como fui descrito, me perdoo pelo mal que me causei.
Voltei do fim só pra completar esta lacuna que tanto me incomodava pelas bordas da vida e é só de lembrar o teu riso que me inclino a rir como criança boba desejando ser o motivo das tuas frases complexas e dos teus simples sentimentos
Dê-me fotos e cores para que eu possa pintar teu rosto na tela da minha vida, desejo ver teus olhos de perto.
Melhor sermos um do que ser apenas um.
Resfolegando enquanto o sol se põe sobre meus defeitos e a noite absorve o céu sem distinção de tons, assim me desconecto de quem não me pertence e isso alivia os ombros até mesmo a alma.
No dia em que deixei meu orgulho, meus deuses morreram e meu Olimpo caiu e seus destroços serviram de barricada para que os pesares não invadissem o lar que está adornado pela graça.
Estou deixando o meu outono se apaixonar pela tua primavera e assim ser renovado com a seiva para que as folhas caídas tornem para seu local de origem.
Enquanto a noite não acaba
 Me disperso sem rimas feitas
Mesmo que construídas sem intenção
Enquanto a noite continua
Me distraio desenhando teu rosto no ar
Sem nenhuma imperfeição


Um Final Contínuo

25 setembro 2013

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Um outro som despenca e se despedaça rachando o muro pintado com frases de esperanças.
Sozinho, vou andando entre as alamedas das cores e palavras revirando as letras desbotadas.
As paredes derretem enquanto o fogo baila sobre a vela e eu me reviro somente pra ver se vai ficar tudo bem.
Aqui estou e me questiono...
Será que está tudo tão claro nesta visão gritante que fizeram meus olhos ensurdecerem?
Deste modo me contento com lembranças futuras que se debruçam sobre cada pensamento meu e reduzem meus sonhos em ti, gostaria que fosse o certo, apenas sei que vou parafraseando meus pequenos momentos, pois quando te vi pela primeira vez, minha alma foi transportada e me deparei com as costas grudadas na parede do universo e a cada passo teu, minha respiração se multiplicava e assim fui desafiado a ficar ali parado ou me lançar para a infinitude do todo.
Tudo o que quero é me lançar...
Meus passos desejam seguir, mas Aquele ainda não deixou seu recado na porta do meu coração, talvez eu não entendi ou está tudo tão claro nesta visão gritante e meus olhos ensurdeceram.
O som despencou da tua voz e despedaçou rachando o muro pintado com meus lamentos e assim desenhei um sorriso na boca da tua tristeza, desde então ela é feliz por ser quem é e seremos da mesma forma, sendo nós ou apenas eu e você.
Mediante a estas fôrmas te canto e entendo que meus pontos dão continuidades, até mesmo este ponto final tem uma continuação. (..)


Andy Wintermoon

05 setembro 2013

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Ela veio do sonho de seus sonhos quebradiços esparramados sobre as páginas de um livro
Quando o vento beijou as chaves que estavam na fechadura da porta da frente
Despertou-se em um lugar distante e diferente de tudo que um dia vira
Em um outono fora de tempo seus olhos manchados gostariam de observar mudanças
Seu frágil coração que lamentava pelo que dantes ocorria em sua vida já não aguentava mais
De súbito pôde enxergar entre as árvores e sobre a relva musgosa um lugar sem mácula
Com os sentimentos renovados e todos eles à flor da pele seguiu através da Floresta Carmesim
Seu rosto coberto de lama e os olhos das árvores sobre seu pequeno corpo
Diante de um espelho d'água viu como estava sua face e despiu-se da tristeza
O frio dilacerava o seu peito, mas uma chama ardia em seu coração.
Percorrendo seu caminho o qual nada conhecia no momento
De longe avistou do alto de uma colina a fumaça que surgia
E viu que no momento sentia era algo de encanto pura magia quando se encontrou

Diante dos portões dourados da antiga cidade.


Essa é uma forma singela de te presentear neste dia tão importante pra você quanto pra mim. Feliz aniversário, que o Senhor esteja contigo (assim como já está sendo) cada vez mais. Sei que é exemplo pra muitas pessoas, inclusive pra mim. Rakastan Sinua Rakkaani ♥

Coralina*

22 agosto 2013

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O ruído dos seus passos esquecidos
Murcharam as flores e as cores destonalizaram
Sorriu com a asa postiça cujas penas serviam de trilha para voltar
Ela girou e na roda rodopiou até cansar

Com rosas e velas nas mãos seguia na novena da vida
Enquanto se esquecia da lama que sujava a sua roupa branca
Com tez enrugada cantarolava no mesmo tom que a lua canta
Dançava sobre o mar sob o sol em suas idas e vindas

Mas agora já não anda por ter um rabo de peixe
Se esgueira sob o céu dia e noite na pedra rachada
Essa simetria encucada escorre quando ela rasteja
E ao mesmo tempo lobos e homens sugam sangue
Das mulas que já não tem mais cabeça

Coralina impressa na tela na vida e no visor
Alarida velha lança lenta as preces com vigor
Versos postos maquiam rostos e saboreiam o ar
Com alaridas que já não estão tão velhas

Ela dita e grita até se cansar.

*Poema produzido especialmente para a banda Coralina 

A Gravidade Não Prende A Imaginação*

07 agosto 2013

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Peguei retalhos de frases e costurei com meus pensamentos nas páginas amareladas
Elas foram preenchendo cada lacuna com suas teorias inanimadas em constante movimento
Desci o tom, mas não desafinei.
Construí meus acordes menores
Catalisei o som sem maiores esforços
O arrepio de minha pele causado pela brisa que sacia meu rosto
É apenas um sorriso esboçado pelo vento nesta noite fria
E assim me sinto bem, mas  ela não entende como acho estranho ser feliz
E que a tristeza faz parte de mim, não que eu seja ou queira ser uma pessoa triste
Mas é algo que já me pertence e me sinto bem assim, essa pode ser a minha maneira de felicidade.
Queria me chamar Melancolia, mas já tem muitos batizados com esse nome
Daí então repeti a música e escutei o som da ambulância no vale desta cidade sorridente
Meus melhores dias não são os melhores dias, observo a solidão sobre uma paisagem desoladora e enevoada, contemplando a angustia da alma.
O importante neste cataclismo e erupções de sentimentos é que estou em paz
Uma paz que me foi presenteada sem merecimento assim como Sua graça.
Deste modo caminhei solenemente prestando atenção nos contos feridos pela tinta azul deste céu borrado pelas nuvens
Presenciei meus momentos um pouco distante de mim e me declamei pra ti como poesia viva e sem pontuação
Semeei em ti os adjetivos que tinha na manga do meu casaco desbotado e te cantei, sim cantei teu rosto em meus pensamentos.
E uma lágrima louca suicidou-se lançando-se em meu rosto para me mostrar que há vida em mim.
Diante de meus pontos não cicatrizados vi tudo desabando, a atmosfera se fechando nas palmas das minhas mãos.
Mas meus pensamentos subiam cada vez mais e assim lembrei que um dia me disseram “A gravidade não prende a imaginação”

*Créditos à Rayana Hellen por me presentear com a frase que dá nome e  finaliza este texto.


Aqui Jaz*

02 agosto 2013

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No despontar de uma ventura cuja maré leva embalada pelos ventos ociosos
Esperança corroída pela ácida vontade de encontrar o elo desejado
Verdades postas em cheque e os pensamentos se perdem no todo
Enquanto o espelho mostra o reflexo das respostas que já estavam à vista
Sem desejar compreendê-las recitei meus versos esporadicamente
E assim cortei os pés com os cacos de vidros espalhados pelo chão
Madrugada fria com sua intensidade desmanchando meu enredo tétrico
Retirei os arranjos que cobriam as portas do meu guarda roupa
Para que as lembranças se percam para eu não me perder mais
E os olhos mareados pelo sono e a vontade de viver se fecham
O tempo corre, depressa vai longe, sem que eu possa alcançá-lo.
Assim vejo a morte de alguns sonhos meus jazidos no túmulo
Dos motivos bem sei eu, das vontades que já não eram minhas.
Dos caminhos que segui refleti com meus ares sufocantes
Que talvez ainda não reste mais nada para se esperar.


*Créditos à Rayana Hellen

Supernova

24 julho 2013

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Pude enxergar o caos que surgia por atrás dos teus olhos, moléculas ricocheteavam sem parar.
Adentrei na nebulosa dos teus pensamentos desajeitados, um berçário de ideias comoventes que eclodiam a cada segundo.
Cambaleante cosmonauta orbitando tuas pupilas, um universo de cores e tons e brilho me mostrando as constelações que compõem teu ser.
Mas diante disso tudo infelizmente existem pessoas que perdem seu brilho tão estupidamente e se tornam um buraco negro que distorce a luz, tentam apagar o brilho alheio, por já não ter luz própria enegrecem a área em redor, é um triste fim de certas estrelas que não passam de manobristas de homens para que seu desejo composto de fel se derrame até os ermos.
E quem se importa com elas?
Apenas desejo saber onde está a margem do universo pra me deleitar no contraste desta Via.
Onomatopeias sinceras explodem das bocas e o estrondo que sai delas resulta em diversos big bang’s distorcendo o som, camuflando o tempo, recobrindo o espaço.
Meus pés caminham em tua direção, mesmo sem ar ou em queda livre para que eu possa pousar na maciez da tua pele e termos um propósito para viver em uma só cosmovisão.

No esboço do teu sorriso em forma de lua crescente me sinto tão ínfimo, mas teu rosto continuo a escalar e assim te encaro, sem reservas de oxigênio te respiro para que eu possa harmonizar teu caos em mim.

Instantes Desnudos

21 julho 2013

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Ela toca o céu com apenas um dedo enquanto anda por um solo enlameado onde deixa as marcas dos seus passos mal dados
Elementos químicos se misturam periodicamente na tabela
Eles em conjunto contam seus átomos enquanto ela reproduz seus calos
Eliminados estão os pesares, sem sombras e nuvens o céu exposto se abre para o alivio dos seres.
Elos persistem em se quebrar com
Eloquência se despedaçam no ar
Elucidando os tantos olhos que suplicam por olhares enquanto ela emerge dos seus sonhos flutuantes paralisando os instantes desnudos dos prantos que lhe causam tormentos
Ela toca o céu
Eles contam átomos
Eliminando os pesares
Elos equilibrados
Elucidando olhares

As Letras No Espelho

14 julho 2013

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Letras soltas caem num espelho enferrujado compondo contos não contados
Seus reflexos se estendem em uma forma espiral que envolve toda a sala
Vi seus movimentos não tardios paralisando o tempo e se desdobrando no espaço enquanto mágoas eram cantaroladas desenfreando a dissonância.
O vento assobiou vida aos ouvidos mais atentos que comungavam os versos tortos
Suspirei bem fundo e congelei o ar e com firmeza o abracei e dele fiz um origami
Minha tristeza quase entrou em depressão quando viu que escutei o assobio do vento e que a vida tomou conta de mim, mas não me importei e continuei desenvolvendo meu alfabeto romântico e saudosista.
Vi os homens plantando horizontes como se fossem árvores para aplacar a tediosa e constante ignorância sobreposta aos ombros dos meros mortais que cambaleiam e gritam suas causas sem causas.
Mas as letras continuavam belas observando meu ponto de vista sobre seus lineares reversos
E com pincéis que passeavam pela aquarela pintando com novas cores os rostos deformados pela seriedade abusiva que causavam danos às pessoas de bem lhes dando beijos e sorrisos.

As letras caíram naquele espelho enferrujado e todas as marcas desapareceram, mas não do espelho e sim do meu rosto que estava exposto e desfigurado, agora posso ver meu reflexo outra vez.

A Constelação de Ana

11 julho 2013

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Palavras cantarolam sem parar e seu canto germina o ar
Sem pudor escancaram-se para que todos vejam e ouçam o que elas tem a dizer.
Palavras perpetuam o ser
Elas dançam
Se inclinam
Se oferecem para nós.
Um dia as palavras correram para formar uma frase
Um nome para ser exato.
Se dispuseram e arrancaram de si todos os seus aparatos
Para que seu brilho pudesse ser maior.
Ela foi feita de estrelas que resplandecem permanentemente
No momento não há nada que se assemelha ninguém em meio a toda essa gente.
Não tenho o dom da rima, essa é minha confissão.
Mas sei que ela que foi feita de estrelas, hoje é constelação.