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O Despejar De Choro Sobre Corpos Andantes

20 maio 2013

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Casas abandonadas com cheiro de luto e suor sussurram gradativamente cantando sua dor em vão, suas paredes deformadas cansadas com o peso do tempo se desfalecem a cada sopro de vento.
Lembro que passei por esta mesma rua enquanto sorria para a lua que me convidava para um abraço, hoje ando pela mesma rua e só vejo nuvens densas encharcadas de lamúrias que não me deixam ver a poeira cósmica, estão aguardando apenas o tempo certo de despejar seu choro sobre os corpos andantes.
Ah! Tristeza da melodia na voz do sujeito que trafega todos os dias debaixo deste céu sem cor se seu canto for tão doce quanto parece ser dobre este tempo em um novo dia.
Somos míopes querendo consertar nossos próprios óculos quebrados, sou míope que não deseja utilizar estes óculos nem outros que me sejam oferecidos, apenas quero ver a olhos nus o que se passa diante de mim.
Esse cenário tétrico de perda onde os atores derramam friamente suas palavras decoradas sobre a platéia sonolenta e muda só faz querer que este espetáculo se desfaça o mais rápido possível para que o vento frio não martele meu peito como já o faz e não decore meu coração com seu romantismo sombrio.
A areia da praia molhada pelo choro espumante do mar onde banho meus pés cansados me faz deixar a marca de meus passos a cada caminhar que segue adiante dessas casas com cheiro repugnante para chegar a outro lugar mesmo debaixo dessas nuvens cinzas que insistem em me acompanhar.



Uma Crônica Fragmentada

10 maio 2013

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As estrelas não caíram esta noite e a minha espera foi vã, me senti um pouco traído, mas foi bom ver o céu enegrecido outra vez com pontas de luzes a brilhar insinuando a minha insignificância.
Ao dormir me deparei com sonhos que me conduziam por lugares distantes, vi cores e tons entrelaçando com as dores dos homens ao verem sua identidade sendo usurpada nesta famigerada sociedade deturpada.
Enquanto componho essa crônica moderna fragmentada observo nesta era de sonhos frustrados a esperança de ver a esperança de ter a felicidade e alegria bailando juntas.
E suspiro de olhos fechados para poder tentar conter a minha falha observação nesse paradoxo que cansa meus hábitos.
A tela pintada por mãos que constrangem os olhos saboreiam a cada pincelar enquanto o vento uiva sua indignação nos quatro cantos do globo.
Mas uma chuva de satisfação me encontra quando dou meu primeiro passo e escuto tua voz suave que me leva do desencanto para a leve vontade de continuar a viver e quando nossos corpos entrarem em combustão sairemos desse sufoco para liberar calor e luz.
A cada manhã que se desprende da madrugada me faz perceber que não sou mais um em meio a tantos outros e que o que sou é exatamente o que deveria ser e é neste estágio mesmo que longínquo um dia habitarei sem depender de status ou reconhecimento o que importa é poder me enxergar nas tuas pupilas castanhas  e recitar a poesia que tu és.

Os Gritos do Silêncio

01 maio 2013

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Procurei diversas fontes de inspiração e trilhas sonoras para compor meus versos nesta noite vazia 
Mas nenhuma delas se encaixaram perfeitamente na engrenagem das minhas palavras e decidi escutar os gritos do silêncio
Revisei meus passos de maneira bem informal e vi o quanto caminhei até aqui, cambaleando firme e sapateando na cara da vida.
Meus poemas que não necessitam de opiniões e criticas se intercalam com a sonora passarada neste meu amanhecer.
Fazendo com que a melodia afinada se expresse do mais profundo de sua essência acalantando os olhos e sentidos de quem os observa
E assim me faz saber que  restam fôlegos e suspiros que ainda não saíram de dentro de mim e que meu ser é algo que devo ser.
Por falar em passos, quando observo o teu caminhar vejo em cada passo a fraqueza de Aquiles em teu calcanhar.
As sombras somem, desesperadamente o teu cantar explode dentro de mim me deixando mudo e sem reação.
Somente o que posso fazer é sentar-me quieto diante do caos harmonizante que sai dos tons dos teus lábios
E me aprofundo deixando a tua superfície para trás para que eu te conheça mais e me reconheça até.
Diversas vezes já tentei desconstruir meus delírios em formato literário, mas a inversão dos valores me obrigou a manter a loucura em dia
Para que eu possa entender de forma coerente o que se passa nas avenidas ensolaradas desta cidade bipolar.
Mas enquanto o encanto não está perdido, canto o meu canto, mesmo desafinado e assim caminhando calmo sigo em frente sem que eu deixe a pressa me impedir de observar o pôr do sol em um dia qualquer.