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Às de Copas

14 fevereiro 2015


As coisas se moveram do lugar e os móveis já estão todos envelhecendo, paredes tortas com pintura descascada mostra que um dia havia vida ali.
As noites se distanciaram do seu lar e as estrelas estão perdendo seu brilho, rotas universicas  fora do radar exploradas por ninguém.
As voltas dadas sem parar, não fizeram com que o tempo parasse e continuássemos os mesmos, estamos debaixo de um padrão perpendicular, corpos em degelo.
Às de copas sobre a mesa mostra o blefe sem pudor ou distinção, carapuças vestidas como peças a rigor num baile de máscaras sem rostos ou olhares quentes.
As notas tocadas na harmonia causada por dissonantes discussões que não mostram fundamentos ou tons que não refletem estações.
As milhares de cores apagadas que um dia estavam em minhas mãos, se tornam escuras, apagadas assim como o estado atual do meu coração.
As portas outrora fechadas, madeira ou vidro não importam como são, já não existem, apenas fachadas, placas mortas dão a direção.
As quintas quentes de um verão sem precedentes me mostram a hora que devo acordar, sem rimas sem versos ainda contentes não há um sorriso que possa esboçar.
As tristes comédias de um trovador que antes cantava sem necessidade de se esconder, agora não mostram nem mesmo o rancor que um dia havia em seu tardio ser.
As balas perdidas no ar rarefeito destroem o corpo já quase desfeito divago devagar devaneiamente entrelaçando os contornos das palmas da minha mão.
As perdas que vi, vivi e senti já não sei mais o que esperar, só sei que é triste ter que sucumbir e desfalecer até me entregar.
As frases distintas que até aqui escrevi não são relativas ou mesmo sem noção, são compostas do que observo, são pólvoras queimadas sem explosão, são falácias perdidas em tempo e espaço somente pra descontrair um desabafo de um teto caído em ruínas, pedaços de perdas vividas que vieram ao chão. 

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