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Coralina*

22 agosto 2013

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O ruído dos seus passos esquecidos
Murcharam as flores e as cores destonalizaram
Sorriu com a asa postiça cujas penas serviam de trilha para voltar
Ela girou e na roda rodopiou até cansar

Com rosas e velas nas mãos seguia na novena da vida
Enquanto se esquecia da lama que sujava a sua roupa branca
Com tez enrugada cantarolava no mesmo tom que a lua canta
Dançava sobre o mar sob o sol em suas idas e vindas

Mas agora já não anda por ter um rabo de peixe
Se esgueira sob o céu dia e noite na pedra rachada
Essa simetria encucada escorre quando ela rasteja
E ao mesmo tempo lobos e homens sugam sangue
Das mulas que já não tem mais cabeça

Coralina impressa na tela na vida e no visor
Alarida velha lança lenta as preces com vigor
Versos postos maquiam rostos e saboreiam o ar
Com alaridas que já não estão tão velhas

Ela dita e grita até se cansar.

*Poema produzido especialmente para a banda Coralina 

A Gravidade Não Prende A Imaginação*

07 agosto 2013

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Peguei retalhos de frases e costurei com meus pensamentos nas páginas amareladas
Elas foram preenchendo cada lacuna com suas teorias inanimadas em constante movimento
Desci o tom, mas não desafinei.
Construí meus acordes menores
Catalisei o som sem maiores esforços
O arrepio de minha pele causado pela brisa que sacia meu rosto
É apenas um sorriso esboçado pelo vento nesta noite fria
E assim me sinto bem, mas  ela não entende como acho estranho ser feliz
E que a tristeza faz parte de mim, não que eu seja ou queira ser uma pessoa triste
Mas é algo que já me pertence e me sinto bem assim, essa pode ser a minha maneira de felicidade.
Queria me chamar Melancolia, mas já tem muitos batizados com esse nome
Daí então repeti a música e escutei o som da ambulância no vale desta cidade sorridente
Meus melhores dias não são os melhores dias, observo a solidão sobre uma paisagem desoladora e enevoada, contemplando a angustia da alma.
O importante neste cataclismo e erupções de sentimentos é que estou em paz
Uma paz que me foi presenteada sem merecimento assim como Sua graça.
Deste modo caminhei solenemente prestando atenção nos contos feridos pela tinta azul deste céu borrado pelas nuvens
Presenciei meus momentos um pouco distante de mim e me declamei pra ti como poesia viva e sem pontuação
Semeei em ti os adjetivos que tinha na manga do meu casaco desbotado e te cantei, sim cantei teu rosto em meus pensamentos.
E uma lágrima louca suicidou-se lançando-se em meu rosto para me mostrar que há vida em mim.
Diante de meus pontos não cicatrizados vi tudo desabando, a atmosfera se fechando nas palmas das minhas mãos.
Mas meus pensamentos subiam cada vez mais e assim lembrei que um dia me disseram “A gravidade não prende a imaginação”

*Créditos à Rayana Hellen por me presentear com a frase que dá nome e  finaliza este texto.


Aqui Jaz*

02 agosto 2013

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No despontar de uma ventura cuja maré leva embalada pelos ventos ociosos
Esperança corroída pela ácida vontade de encontrar o elo desejado
Verdades postas em cheque e os pensamentos se perdem no todo
Enquanto o espelho mostra o reflexo das respostas que já estavam à vista
Sem desejar compreendê-las recitei meus versos esporadicamente
E assim cortei os pés com os cacos de vidros espalhados pelo chão
Madrugada fria com sua intensidade desmanchando meu enredo tétrico
Retirei os arranjos que cobriam as portas do meu guarda roupa
Para que as lembranças se percam para eu não me perder mais
E os olhos mareados pelo sono e a vontade de viver se fecham
O tempo corre, depressa vai longe, sem que eu possa alcançá-lo.
Assim vejo a morte de alguns sonhos meus jazidos no túmulo
Dos motivos bem sei eu, das vontades que já não eram minhas.
Dos caminhos que segui refleti com meus ares sufocantes
Que talvez ainda não reste mais nada para se esperar.


*Créditos à Rayana Hellen