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Sentimentos Embalados A Vácuo

30 janeiro 2013

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A lua me olha com suas crateras disformes e tímido caminho pela noite serena debaixo do radar rascunhando trovas, cantarolando entre as covas tortas e mortas.
Tento fechar esta página que insiste em aparecer diante dos meus olhos e assim sigo adiante construindo meu castelo com pedaços de lego.
Soa tão estranho quando as vozes que ouvíamos parecem falar em um dialeto totalmente diferente, as palavras se tornam uma epigrama e nossos ouvidos já não suportam mais.
E eu lembro do som do teu sorriso que satisfaz meus lábios e canta notas arriscadas desalinhando minha gramática, estereotipando confusões, programando convulsões em meus sentidos.
Pacotes de cores são abertos e o céu muda o tom a cada vez que meus olhos piscam enquanto te vejo dançar com leveza sobre teus pequenos pés.
E pra não esquecer, guardei meus sentimentos embalados a vácuo para não perderem a validade e quando te encontrar entregá-los intactos.
Então te solfejo neste ritmo equalizado pelas batidas do meu coração sucumbindo toda a alegoria que atravessa com felicidade quando tuas mãos se entrelaçam violentamente com meus dedos.
Tua insuportável gratidão faz com que eu perca o juízo e aquela semente de solidão que brotava naquele chão se foi com o vento depois que eu desliguei o telefone e ao mesmo tempo minhas palavras eclodiram contra a parede.
Vou te descansar em mim depois desta semana turbulenta enquanto as horas passam deitadas neste circulo e vou abraçar o teu abraço calmo e tardio e rabiscar em teus lábios a minha mais franca poesia.

Os Caçadores De Ouro De Tolo

13 janeiro 2013

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Resolvi não entrar mais em crise e deixar minhas fobias de lado e na intensidade das minhas loucuras decidi abraçar a felicidade depois de encontrar as águas que beijaram as solas dos meus pés com um beijo úmido e saliente me fazendo ficar com os pés vermelhos de tanta vergonha, mas satisfeito.
Como tantos outros me rematriculei na escola da vida e com isso não vou me interessar com as manchetes dos jornais, muito menos com ilusões de amores retardatários.
Vou tatuar a alegria em meu coração e torturar os papeis com minha caligrafia insuportável para que um dia se torne relíquia entre os caçadores de ouro de tolo
Vou construir minha nova casa com um novo alicerce, munido de pilares para que nenhum outro teto desabe sobre minha cabeça dura.
Só desejo que outros acordes te consolem em uma manhã fria e que alguém esquente o café pra te aquecer os lábios e relembrar dos nossos beijos que não foram dados.
Entendi que o silêncio é um dos melhores amigos que nos entende e nos deixa entender para que possamos tentar uma nova trilha quando os atalhos estão bloqueados.
Agora o sol aquece meus olhos e gosto deste calor mesmo que sua intensa luz resseque minhas retinas e embace minha pouca visão.
Eu posso afirmar piamente que amo minha vida e tudo que faço e há um sentido firme e profundo incrustado nestas pequenas letras pré-moldadas.
Vejo que aqueles passos que evitei e todas as mãos que não segurei me fez refletir até este ponto que cheguei, vejo que falhei e me arrependi, mas afinal estou em uma eterna desconstrução e estou orgulhoso de mim, não pelas falhas, mas pelo arrependimento.
Basta olhar para as estrelas que brilham constantemente no infinito do universo que somos um pequeno fragmento da beleza que nos cerca por inteiro e isso é bastante pra ter um bom motivo pra viver.

27 Invernos

03 janeiro 2013

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ATO I

Não havia quase nenhuma respiração, o ar cortante atravessava seus pulmões
Seu coração inundado em desencanto, as vozes apenas lamuriavam um cântico fúnebre
Sua juventude encapsulada em uma densa tristeza, fria, calma, absurdamente branda.
Não se sentia bem ali, não se cabia bem ali e muito menos desejava estar ali.
A única saída foi desenhar sua própria sentença a qual prometera a si mesmo um dia.
Seus pulsos clamavam para serem perfurados, rasgados e sentidos.
Desiludido do que ele próprio denominava vida, seus olhos quebrados sentiam a dor.
Uma dor da qual não sabia a procedência, apenas a abraçava como se fosse sua melhor amiga e em muitas ocasiões ela se tornava tal.
Alguns anos se passaram e os pulsos cantavam como num coral desejando que seus poros fossem dilacerados de alguma forma, ele respondeu ao canto e assim tentou fazer com que aquilo parasse de uma só vez.
Cartas de baralhos espalhadas pelo tapete azulado, na TV vozes aleatórias falavam nada
“O corte será profundo” pensou, mas será de uma só vez, ao tentar introduzir o material cortante em sua pele, soluços cantarolavam uma canção mais triste ainda e as lágrimas desciam como uma cascata a jorrar livremente. Desistência.
O tempo caia como neve em um inverno não desejado e fincado em seu interior,a estação passou, mas dentro de si o inverno era constante e assim como os ventos que atravessava seus pulmões...Cortante.



ATO II

                                                                                           
Uma branda voz acalentou seu peito em uma manhã morna com nuvens no céu
O sol brilhava de forma tão surreal, mas o cheiro da chuva ainda podia ser sentido
Ele se levantou de uma queda a qual não esquecera em nenhum momento.
Havia cicatrizes ainda, não físicas, mas cicatrizes na alma
Foram longos invernos que vivera, foram ciclos de estações que pareciam infinitos
Mas o inverno sempre era o que mais demorava com sua presença devastadora
A voz soprava em seus ouvidos palavras que não ouvia há tempos, ou não se lembrava de ouvi-las algum dia.
Isso lhe fez bem.
O dono da voz que surpreendia seus tímpanos com clareza o chamou para acompanhá-lo em uma jornada, mas ele não desejava sair do seu recôndito, não desejava mostrar sua fragilidade à luz do sol e assim não o fez. Recaída.
Mais duas vezes seus pulsos desejosos lhe chamavam a atenção, duas frustrantes tentativas e assim o fez cansar de tentar.
Novamente a voz sussurrou pelo seu nome e de súbito o medo tomou conta, pois já tinha esquecido aquela voz que outrora o chamara.
Suas lembranças foram se formando e assim lembrou-se de um tempo que se passou, quando ouviu pela primeira vez aquela voz.
Mais um convite. Um olhar. Uma decisão.
Seus olhos úmidos, desta vez por sentir a ternura de quem fora ao seu encontro quando não havia saída em nenhum lugar.
Segurou na mão do dono daquela voz,seguiu seus passos e hoje caminham juntos e nenhum inverno desde aquele momento, mesmo o mais intenso pôde congelar seu coração.Uma chama arde e não se apaga, ali faz morada.E um sorriso brota em seu semblante