onselectstart='return false'>

Somos Eternos

10 maio 2015

0 comentários


Enquanto desenho as camadas de cada letra neste pedaço de papel tão pálido quanto a noite que envolve os rostos decadentes escuto a melodia que suga os ares da eternidade.
Preciso incendiar a chama mesmo debaixo desta chuva, necessário é manter-se vivo em caso de sobrevivência, pairar sobre o vácuo deste instante sabendo que somos eternos.
Mas as paredes dançam.
Cortam-se os pesares que outrora carregávamos sobre nossos ombros doloridos, ouvimos aquilo que sempre nos fora dito, porém nunca desejamos estar tão perto quanto agora, sabemos que somos eternos.
Cada gota gritante de chama que cai do sol e atravessa os polos desta camada atmosférica se torna maravilhosa quando nossos olham se chocam com brancura e brandura de sua luz ofuscante. O desejo de voltar ao lar é abundante quanto as cataratas que sugam a visão de muitos que não desejam ver ou fingem.
Aguardo o abraço desta sinergia que perpetua o universo a cada segundo, tenho certeza que o tempo e espaço serão moldados enquanto falas aos homens que se deleitam em cada camada de todas as letras desenhadas neste pedaço de papel.
Os sinos bradam.
O pensamento flutua somente nas águas da memória quando teu rosto ancora-se no porto da minha mente e assim meus passos mesmo mal dados neste solo liso e escorregadio saltam sobre as cabeças dos ambulantes desgovernados que desejam perder sua liberdade achando que serão livres por alguns instantes.
Nesta altura ascendente iremos alçar voos deixando que o suicídio se mate de tanta tristeza. Vamos deixar que nossa depressão se assuste com o tormento quando sairmos com nossa felicidade porta a fora. Estamos certos que somos eternos.
O vento canta.
Os subúrbios cheios de corações amarrotados mesmo depois de serem engomados cortam os pulsos com sua alegoria desdenhosa de uma vida maltrapilha, mas acreditamos ainda que toda essa imagem não se perpetuará na moldura deste quadro deprimente.

Sei que nosso tempo está tão ofegante quanto nossa respiração, sei também que a vida está tão fatigante quanto nosso corpo, mas ainda sei que mesmo que as paredes continuem dançando sua valsa no escuro e os sinos despertem com seus brados na aurora que estar por vir e ainda que o vento cante suas lamúrias em cada estação que não cansa de se repetir eu sei que somos eternos e nada do que foi dito até aqui vai tirar esta certeza que não cabe mais em mim.

Meu Pedaço De Universo

10 abril 2015

0 comentários

As ideias catalisaram-se no instante em que meus olhos se abriram nesta manhã cinza e caótica. Elas dançaram entre as nuvens cheias de si, elas pairavam sobre seus saltos, elas caiam em constante fervor em forma de chuva.
O gotejar dos passos dados nas calçadas molhadas quase me fizeram despencar em uma rampa com cimento ressecado, meus pés quase se quebraram e meus dedos em breve se fragmentarão de tanto seguir as pegadas desbotadas.
Tenho um pedaço do universo no meu quintal, mas não é um mero pedaço, é a melhor parte, nele posso enxergar a mínima partícula do todo que envolve os corações em construção.
Não me importo em me importar com o que é importante, não me interesso em estar interessado no que é desinteressante e não desejo aquilo que não me é desejável, apenas vivo e isso já tá de bom tamanho.
Os parágrafos complexos que tentam cabular meus dedos terminaram seu trabalho e então deixo que as virgulas continuem com seu fardo durante a pausa obrigatória neste sinal vermelho cor de sangue azul.
Delírios deletados deslizam deliberadamente.
A cada dia que teus questionamentos estiverem sem resposta, lá estarei eu para compartilhar tuas duvidas e até mesmo me empenhar em sinceridade derreter as perguntas para que não te tornem frágil, mas como toda preposição é cheia de conduta simplificada, me exercito nas tuas pupilas que me engrandece e nos fios dos teus cabelos cacheados que faço de trapézio para viver a vida perigosamente.
Acorde os acordes das notas intactas. Carregue o fardo leve. Corra sem precisar desistir. Sonhe sem necessidade de que haja sonolência em teus olhos dormentes.
Depois desta pausa proposital, penso em apenas finalizar todo processo que se seguiu até aqui, mas é importante frisar que minhas letras continuam no Caminho, mesmo que minhas canetas e lápis estiverem gastos, mesmo cambaleando no sentido dos marasmos cotidianos.



Às de Copas

14 fevereiro 2015

0 comentários

As coisas se moveram do lugar e os móveis já estão todos envelhecendo, paredes tortas com pintura descascada mostra que um dia havia vida ali.
As noites se distanciaram do seu lar e as estrelas estão perdendo seu brilho, rotas universicas  fora do radar exploradas por ninguém.
As voltas dadas sem parar, não fizeram com que o tempo parasse e continuássemos os mesmos, estamos debaixo de um padrão perpendicular, corpos em degelo.
Às de copas sobre a mesa mostra o blefe sem pudor ou distinção, carapuças vestidas como peças a rigor num baile de máscaras sem rostos ou olhares quentes.
As notas tocadas na harmonia causada por dissonantes discussões que não mostram fundamentos ou tons que não refletem estações.
As milhares de cores apagadas que um dia estavam em minhas mãos, se tornam escuras, apagadas assim como o estado atual do meu coração.
As portas outrora fechadas, madeira ou vidro não importam como são, já não existem, apenas fachadas, placas mortas dão a direção.
As quintas quentes de um verão sem precedentes me mostram a hora que devo acordar, sem rimas sem versos ainda contentes não há um sorriso que possa esboçar.
As tristes comédias de um trovador que antes cantava sem necessidade de se esconder, agora não mostram nem mesmo o rancor que um dia havia em seu tardio ser.
As balas perdidas no ar rarefeito destroem o corpo já quase desfeito divago devagar devaneiamente entrelaçando os contornos das palmas da minha mão.
As perdas que vi, vivi e senti já não sei mais o que esperar, só sei que é triste ter que sucumbir e desfalecer até me entregar.
As frases distintas que até aqui escrevi não são relativas ou mesmo sem noção, são compostas do que observo, são pólvoras queimadas sem explosão, são falácias perdidas em tempo e espaço somente pra descontrair um desabafo de um teto caído em ruínas, pedaços de perdas vividas que vieram ao chão. 

O Som do Espírito

12 fevereiro 2015

0 comentários




O relógio caminha depressa forçado pelo tempo que persiste em seguir, as horas se desintegram, os ponteiros pendurados em si mesmos não se cansam em decifrar como a vida é passageira.
O sopro que perturba meus olhos persiste em querer me levar pra longe assim posso perceber que não é isso que faz mover meus passos, mesmo fraco, com insanidade à beira da loucura corro os altos picos pra ver se há horizonte aqui.
Me movo nessa mutação perpetua e essa transmutação me fortalece a cada raio de sol mesmo com todo o alarde da multidão que não se consola com o suor do seu corpo.
Tenho a certeza que sobreviveremos entre trancos e barrancos e corações despedaçados pelos cantos e não sinto saudades daquele tempo bobo cheio de incoerências, morrer pode ser bom.
O amor é movimento e a força está contida nele, e é este que faz com que a humanidade seja humanizada a cada passar de segundos, a cada outono que reflete nas folhas caídas.
E assim me reciclo para que os pontos sejam fechados e as cicatrizes sejam visíveis para quando eu encostar a ponta do dedo me lembrar do que eu era e o que me tornei.
Quando o verde sobressair novamente verei que já não sou mais um cadáver inerte que possuía um ruído profano, sou um corpo vital que foi sacralizado pelo silêncio.
Sou um ser que é, sou feito de mim na imensidão do todo catalisando o que há;

Sou movimento que retrocede pra prosseguir, alguém em constante mutação para que não pare meus batimentos cardíacos, a inércia pode petrificar o coração.

Confortavelmente Entorpecido

03 fevereiro 2015

0 comentários


As ideias estão correndo pelo espaço do meu quarto, elas são tão abstratas que nem mesmo um ectoplasma pode segurar em suas mãos sem que sinta o peso que elas carregam nas costas.
Há tempos que não acredito em meus janeiros, eles têm sido maltratados durante sua estadia no calendário, no momento presente são e foram apenas lágrimas e sombras diluídas em vinagres sob luzes de tochas acesas iluminadas pela lua crescente.
Pretendia seguir as ordens das frases que fui catando aqui e ali durante um tempo, mas deixei que isso ficasse em ordem aleatória.
E por falar em tempo, peço que anule o tempo que nos encontraremos todos ao mesmo tempo no Tempo sem tempo e assim entenderás o que já é dito desde antes de contar nossos dias evasivos e transitórios.
Aí eu paro, observo e recomeço a compor sobre falas de filósofos preguiçosos que discutem sobre suas teorias em um cemitério de automóveis reverenciando motores inanimados enquanto suas engrenagens cerebrais desandam em demasia martelando teorias tolas. Viver é um exercício.
Em nosso presente, somos pegos de surpresa por cada atitude segmentada de um sorriso e um olhar cativante, digo que não devemos agradecer pelo amor que recebemos vivê-lo de fato é a melhor forma de dizer “Obrigado”, a melhor maneira de desfrutá-lo em profundidade.

Sinto-me confortavelmente entorpecido pelo pouco vento que sem convite entram em meu quarto onde as ideias estão correndo, felizmente nenhum ectoplasma pode segurá-las, se assim não fosse haveria um dissipar de pensamentos residuais que não merecem ser exposto em nenhuma tela branca sem que esta perca o brilho de sua alva.
Ainda espero por aquela frase de efeito que fazem com que as pessoas reflitam, mas nada há de melhor que refletir sobre os passos que damos, sobre a vida que vivemos, sem ela apenas existimos em um mar de desesperança vaga sem uma cruz pra servir de sombra em nossas andanças alegóricas e às vezes desérticas.
Vou aproveitar o ensejo para menosprezar tudo o que não há valor, apenas são coisas etiquetadas com preços abusivos. Apenas digo que tua voz acalanta meus olhos assim como o falar das tuas Iris traduzem as intensas palavras que meus ouvidos desejam escutar.

Somente desejo que nossos dias sejam mais que perfeito mesmo não sabendo conjugar os verbos de forma plena, mas que todos os bons adjetivos estejam entranhados em nossa fala, assim seremos bons ( ou algo similar), assim seremos nós como deveríamos ter sido desde o inicio daquilo que não iniciou-se de si mesma.