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Reflexão Absurda De Paradigmas Destruídos

31 dezembro 2012

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O preto e o branco se confundiram em uma metamorfose que foi difícil entender que há um novo começo nestas cores.
Sobre meus ombros tirei o peso do mundo e sem cansar caminhei até o alto da colina pra me encontrar novamente.
Tive a sensação de que me atrasei mais uma vez, infelizmente não foi apenas uma sensação, houve atraso de minha parte e novamente arrependido me escondo atrás de um sorriso sem graça.
De volta, passei por uns caminhos que me trouxeram boas lembranças as quais estavam guardadas pra um momento especial e assim joguei todas as minhas cartas na mesa, sentei no banco pintado de azul e observei o nascer do sol que iluminou a minha cidade que foi construída com o suor de minhas letras e frases combinadas com a cor das nuvens que dançam, que formam formas sem precedentes no meu céu anil.
Nesta minha reflexão absurda de paradigmas destruídos pelos ventos do meu sopro leve, percebi o quanto nós somos frágeis e nos apegamos facilmente na pedra mais próxima para não cairmos no abismo e quando já estamos a salvos não agradecemos o apoio proposto, apenas seguimos adiante e não olhamos pra trás. E quem nos julgou tão bons ouvintes com abraços confortantes se afastou sem um aviso prévio e sou daqueles que não corre atrás dos passos que se foram. Nunca desejei, mas todos são livres para ir embora.
E nesta reflexão abusiva cheia de mim e outrem, cheia de curvas soltas e paradoxos flutuantes, um pensamento distante me encara e com o susto fico imóvel e ele fala pra mim o que há muito eu já sabia, porém por estar muito ocupado não entendia sua mensagem que dizia:
“Incrível que algumas de nossas declarações mais calorosas que foram esculpidas em pedra são cobertas pela poeira do tempo. Assim como tudo que é sólido pode ser desmanchado no ar, os sentimentos gasosos podem ser exalados e perdem a sua essência e consequentemente são esquecidos dentro do baú de carne.”
E com esta formação de idéias me perco em mim pra aprender a soltar e deixar partir, não mais me apegar em momentos de distração onde sou apenas uma fuga de uma  consequente solidão

Desnudo Em Versos

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Te negarei um abraço, um pedaço de passos descalços em cacos
Não perpetuarei os meus erros, enganos vindouros em vãos desesperos
Se a vida é contida em pequenas garrafas pra serem vendidas
Me desloco em segundos sem rimas idiotas deixando teu mundo
Sem perceber me deparo com paredes de blocos com os olhos fechados
Devolverei teus prazeres caminhando solto sem voz ou meio rouco
Nem precisa pedir entendo agora, meu lugar não é aqui.
Desnudo em versos cantados exalados se esvai os complexos
Puro, o soco vem em direção da mão o rosto, do rosto a mão
Controversos os sentidos desgastam os sentimentos um dia providos
As linhas curvam o horizonte de cinza caminha um outro sem nome
Solicito um remédio que cure a alma que apague esse tédio
Que me consome por dentro soluços amargos palavras ao vento.
Desvendarei tais palavras que abraçam os braços e quebram a calma
Suprindo os cantos sujos semeando rosas em campos de mudos
Não medirei meu cantar em breve irei, desejo ficar.            
Nem requisito pedidos o tolo se esconde sem haver perigo
Números escalam esta régua infame se vai é cego, não enxerga
Essa tragédia absurda presa em meu calcanhar atravessa a rua
As luzes em noite serena se apagam de vez, sublime, que pena!
Enquanto procuro conselhos os dedos cansados se dobram os joelhos
Os pontos apontam o ponto despontam o tonto cambaleiam juntos
Corrói o sapato usado em seu deserto sofre cansado, coitado
Cadáveres roxos contorcem-se em pleno escuro do vazio
Serpenteiam tortos como alguns peixes no curso do rio
Entenda que o meu sorriso obliquo se desfaz agora
E meu silencio se estende até o findar desta hora
Que teimosamente me atormenta com sua demora.

Sonhos Borrados

30 dezembro 2012

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Toquei meu rosto queimado pelo calor do sol intenso e lembrei os caminhos que percorri até chegar aqui neste degrau.
Só não sei quanto tempo leva pra eu...
Desenhei pedaços de sonhos em uma folha branca, mas depois passei a borracha e a folha ficou manchada com os sonhos borrados.
Eu tenho um dom de não criar expectativas para não atropelar meus pés e nem despedaçar meus dedos e nem desperdiçar meu tempo com que(m) não me é útil
Despejando os artigos sobre uma bandeja dourada e não irei entregar meus pontos compostos pelos meus pequenos delírios diante desta falta de atenção
Só não sei quanto tempo leva pra...
E com todos os meus raios de sinceridade não sei exatamente o que será de mim de hoje em diante, apenas há uma viagem para orbitar novamente naquela galáxia distante onde passei um curto período e logo será minha morada absoluta
Só não sei quanto tempo leva...
Me despojei de carências alheias e sentei num banco para ler as ultimas notas dos jornais e vi mortos e vivos dançando sobre o gelo quase derretido.
Só não sei quanto tempo...
Talvez eu tenha feito meu papel e meus serviços não serão mais necessários e saio de cena sem que a platéia perceba minha falta, ninguém jamais percebeu.
Então percorrerei descalço subindo e seguindo o rumo de tudo no combate entre os nossos ossos.
Só não sei quanto...
Não necessito que entendam minhas metáforas apenas desejo que os olhos e ouvidos entendam a essência da mensagem a ser desferida nos rostos como uma flecha lançada do alto de uma colina a qual corta o céu sem ter vergonha e acerta em cheio o peito e assim se pinta de vermelho escarlate.
Só não sei...
Permita-me informar que neste silencio voluntário de palavras cantarei meus pesares em acordes menores e sem intenção de tornar obsoletas as variáveis que circundam toda esta gama de frases inabaláveis que bóiam neste nível raso e dizem por ai que é bem melhor que perecer.
E neste estágio continuo de desconstrução que me absorve totalmente para uma nova realidade desligo a luz fecho meus olhos e tento sublinhar minha mente para tentar sonhar com aqueles sonhos borrados.
Só.      




Somos Feitos De Outono

24 dezembro 2012

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Somos feitos de outono.
Somos folhas que se desprendem de suas árvores e bailam pelo ar numa dança infinita e intima.
Sopradas pelo vento balançando e aproveitando os segundos do momento.
Descompassados, flutuamos sobre a melodia rimada naqueles sons nostálgicos.
Sussurrando cada nota transpassada em teus ouvidos e sentir teu respirar desconcertante.
Poderia escrever mil livros sobre teu sorriso
Sorriso lindo que atrai meus lábios que se apressam desesperadamente ao seu encontro.
Feche os olhos e sinta todas estas palavras se encaixarem em teu coração.
Nesta manhã morna cantarei teus sonhos para que meus sentidos despertem com o amanhecer.
Apenas toque as pontas dos meus dedos e com firmeza segure em minha mão para que o mundo não atrapalhe nossos passos e nem seus abalos nos façam perder o equilíbrio nesta rua enflorecida.

Somos feitos de nós que se completa em cada articulação e nossos sonhos se propagam ao pôr do sol.
E em cada estação seremos apenas nós, sem outras definições ou conceitos tolos que não servem de nada.
Irei te conduzir nestes passos cheios de leveza com a certeza de que o céu não será o teu limite. apenas será uma escada para que alcance a felicidade em sua perfeita forma.
Desenharei teu rosto em uma folha que se desprende de sua árvore e baila pelo ar numa dança infinita e intima apenas pra te lembrar que somos feitos de outono.

(In)*

17 dezembro 2012

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Soou o clarim e ninguém acordou quando o galo cantou pela terceira vez, apenas ouvi os passos pela sala vazia.
Revirei-me entre meus lençóis e nada ainda entendi sobre os lances de luzes jorrados pelo meu telhado
Sequei meus pensamentos e de uma coisa estou bem certo, não desejo ser apenas um numero para compor uma estatística qualquer que não me traz definição alguma
E posso afirmar que um pouco de boa revolta não faz mal a ninguém.
Cansei meus passos e escrevi no mural da desesperança que havia no saguão pintado de azul-esverdeado.
Coloquei minhas frases com minha ortografia desafinada naquelas linhas tortas e encontrei um caminho que me mostra uma porta entreaberta onde estou tentado a seguir.
Seguir para que um novo horizonte se encaixe perfeitamente em meu pôr do sol,apenas sei que não desejo sentir falta de nada e ninguém,apesar de sentir falta e esta falta de falta me falta tanto.
Nada ainda me prende (mas gostaria que prendesse) aqui por entre estas ruas escuras, mas acho melhor apressar meus passos para que eu venha descansar em breve, mas não há aqui um desespero itinerante, apenas duas coisas que desejo e a balança pende mais para que eu possa pôr meu mundo na mala e seguir em frente.
(In) felizmente meus tons serão reduzidos aqui para que meus acordes possam ser ouvidos em outro lugar



*Imagem por Carolli Márol

Na Moldura da Janela

12 dezembro 2012

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Parecia algo superficial, mas os cortes eram profundos do que se podiam ver, seus traços serpenteavam os braços cansados e sobrecarregados de culpas que exalavam pelo seu pequeno paraíso perdido.
Fui ao seu encontro e me senti perdido, afinal, quem não se chocaria ao ver tal cena?
Naquele momento acalmei meu coração que batia tão feroz a ponto de sentir dores no peito... Caminhei.
Nesta rota que fiz, percebi que estou vivendo uma contagem regressiva e quando dei por mim me assustei e tive uma leve sensação de desencanto e ao mesmo tempo de sossego, realmente a vida me tem aprontado algumas surpresas ao longo do meu caminho.
Meus devaneios soltos que comentei com alguns ouvidos que estavam à disposição de minha fala desletrada, sei que ainda há uma decisão a tomar durante este tempo que me persegue no sentido contrário dos meus passos.
Quando sentei ao seu lado decorei seus ombros com meu braço direito e disse que tudo ficaria bem e que aqueles cortes se tornariam cicatrizes e estas ao serem vistas serviriam pra lhe mostrar quem realmente era. Ela simplesmente sorriu um sorriso brando, mas feliz que viu segurança em se expor de forma tão espontânea e serena e eu apenas olhei em seus olhos e esqueci do meu curto tempo que corria constantemente contra mim e lhe disse: Que seja escrito o réquiem das minhas letras, que seja feito o funeral das minhas frases, que seja cantada a nênia das minhas palavras se o amanhã não aparecer,mesmo que em tons cinzentos na moldura da janela do teu quarto.Mais um sorriso e  um abraço apertado.

O Paradoxo Fissurado

05 dezembro 2012

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As névoas corroem o céu reluzente cortando o horizonte eclipsando o brilho dos olhos em tons aurora.
Soando como um sopro solitário estilhaçando os tímpanos refletindo os mesmos reflexos reduzindo ao pó aquela esperança não dita.
Obscurecendo pensamentos, criptografando os códigos exposto em binário conforme toda a redundância de uma frase não posta na fôrma cinzenta.
Indisposto o tom desanda corroendo as notas transpassando as pinturas desfigurando rostos.
Cambaleando a nuvem cai de certa forma que o vento nos toma de ponta cabeça e o sangue desce pelos olhos.
Risonho chora choroso ri descontrolado corre na avenida vazia.
Atropelado pelos carros nervosos que cortam o chão enegrecido por pegadas não tão vistas e apagadas pelo tempo que ainda não passou.
O paradoxo fissurado de uma sociedade vã, criticando as cores, implicando sons.
Rimas não rimadas consertam os textos e o desapego apega e só ele sustenta o seu pilar sobre todos os cantos de uma sala oval
Efêmero contraste em preto e branco indisponível além dos ombros.
Com o pessimismo ali na frente, o bobo segue tão descontente com seu bigode desfragmentado, sua mente insana e sábia anda sobre seus saltos.