Casas abandonadas com cheiro de luto e suor sussurram
gradativamente cantando sua dor em vão, suas paredes deformadas cansadas com o
peso do tempo se desfalecem a cada sopro de vento.
Lembro que passei por esta mesma rua enquanto sorria para a
lua que me convidava para um abraço, hoje ando pela mesma rua e só vejo nuvens
densas encharcadas de lamúrias que não me deixam ver a poeira cósmica, estão aguardando
apenas o tempo certo de despejar seu choro sobre os corpos andantes.
Ah! Tristeza da melodia na voz do sujeito que trafega todos
os dias debaixo deste céu sem cor se seu canto for tão doce quanto parece ser
dobre este tempo em um novo dia.
Somos míopes querendo consertar nossos próprios óculos
quebrados, sou míope que não deseja utilizar estes óculos nem outros que me
sejam oferecidos, apenas quero ver a olhos nus o que se passa diante de mim.
Esse cenário tétrico de perda onde os atores derramam
friamente suas palavras decoradas sobre a platéia sonolenta e muda só faz
querer que este espetáculo se desfaça o mais rápido possível para que o vento
frio não martele meu peito como já o faz e não decore meu coração com seu
romantismo sombrio.
A areia da praia molhada pelo choro espumante do mar onde
banho meus pés cansados me faz deixar a marca de meus passos a cada caminhar que
segue adiante dessas casas com cheiro repugnante para chegar a outro lugar
mesmo debaixo dessas nuvens cinzas que insistem em me acompanhar.
2 comentários:
amei esse post... :DD
Que bom Val.Momentos de exposição rsrs
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