Em um dia ocioso resolvi voar por ai, subi além de nuvens
embriagadas de gotas prontas para vomitar a chuva sobre o solo e sobre o solo
pessoas corriam desvairadas por causa do vômito das nuvens.
Sem pestanejar, abri os braços e segui adiante onde até
mesmo os aviões não suportariam e suas asas de aço são bem mais frágeis que minhas
asas imaginárias que desenvolvi em um instante.
Decidi não mais me equilibrar na corda bamba da vida e
resolvi então me jogar, pois uma mão para amparo estaria lá embaixo se minhas
asas queimassem.
Respirei o ar rarefeito que invadia os pulmões, esqueci meu
falso medo de altura e descansei na lua minguante só para poder tomar um fôlego
para partir em uma nova jornada de descobrimentos.
Fuga!
Fugi realmente de tudo que me prendia aqui embaixo ou lá
embaixo não sei definir onde estou agora, mas essa é uma boa sensação e devo
aproveitá-la, mas decidi me recompor em meus horários de devaneios para que um
outro momento pudesse voar novamente junto com os pássaros que enfeitam o céu
de tua boca.
Lá do alto onde as estrelas cadenciam seus brilhos me
lembrei de uns momentos que viam se desnudando em minha mente os quais já
estavam quase perdendo o foco e se desmanchando no ar e pude voltar à vida outra
vez, sendo que esta já não fazia mais parte de mim.
Para não perder o sentido do que é viver retornei para
aquele mesmo ponto de partida que me fez ver o quão ridicularizado está o mundo
com sua ilustre soberba a qual enche os olhos de muitos que não conseguem enxergar
a si num espelho, seu reflexo embaçado e desfigurado diante de uma face flácida
e sem expressão.
E por vários outros motivos pude perceber que minha
percepção estava um tanto incorreta e depois disso tudo, agora entendi por que
Deus habita nos céus, porque nenhum outro lugar (além dos nossos corações) suportaria
seu amor em essência e sua plenitude em excelência.