O ruído dos seus passos esquecidos
Murcharam as flores e as cores destonalizaram
Sorriu com a asa postiça cujas penas serviam de trilha para
voltar
Ela girou e na roda rodopiou até cansar
Com rosas e velas nas mãos seguia na novena da vida
Enquanto se esquecia da lama que sujava a sua roupa branca
Com tez enrugada cantarolava no mesmo tom que a lua canta
Dançava sobre o mar sob o sol em suas idas e vindas
Mas agora já não anda por ter um rabo de peixe
Se esgueira sob o céu dia e noite na pedra rachada
Essa simetria encucada escorre quando ela rasteja
E ao mesmo tempo lobos e homens sugam sangue
Das mulas que já não tem mais cabeça
Coralina impressa na tela na vida e no visor
Alarida velha lança lenta as preces com vigor
Versos postos maquiam rostos e saboreiam o ar
Com alaridas que já não estão tão velhas
Ela dita e grita até se cansar.
*Poema produzido especialmente para a banda Coralina