As ideias catalisaram-se no
instante em que meus olhos se abriram nesta manhã cinza e caótica. Elas
dançaram entre as nuvens cheias de si, elas pairavam sobre seus saltos, elas
caiam em constante fervor em forma de chuva.
O gotejar dos passos dados nas
calçadas molhadas quase me fizeram despencar em uma rampa com cimento
ressecado, meus pés quase se quebraram e meus dedos em breve se fragmentarão de
tanto seguir as pegadas desbotadas.
Tenho um pedaço do universo no
meu quintal, mas não é um mero pedaço, é a melhor parte, nele posso enxergar a mínima
partícula do todo que envolve os corações em construção.
Não me importo em me importar com
o que é importante, não me interesso em estar interessado no que é desinteressante
e não desejo aquilo que não me é desejável, apenas vivo e isso já tá de bom
tamanho.
Os parágrafos complexos que
tentam cabular meus dedos terminaram seu trabalho e então deixo que as virgulas
continuem com seu fardo durante a pausa obrigatória neste sinal vermelho cor de
sangue azul.
Delírios deletados deslizam deliberadamente.
Delírios deletados deslizam deliberadamente.
A cada dia que teus
questionamentos estiverem sem resposta, lá estarei eu para compartilhar tuas
duvidas e até mesmo me empenhar em sinceridade derreter as perguntas para que
não te tornem frágil, mas como toda preposição é cheia de conduta simplificada,
me exercito nas tuas pupilas que me engrandece e nos fios dos teus cabelos
cacheados que faço de trapézio para viver a vida perigosamente.
Acorde os acordes das notas
intactas. Carregue o fardo leve. Corra sem precisar desistir. Sonhe sem
necessidade de que haja sonolência em teus olhos dormentes.
Depois desta pausa proposital,
penso em apenas finalizar todo processo que se seguiu até aqui, mas é
importante frisar que minhas letras continuam no Caminho, mesmo que minhas
canetas e lápis estiverem gastos, mesmo cambaleando no sentido dos marasmos
cotidianos.