A chuva alagou a caixa de papelão onde guardava meus anseios, era branca e desbotou ainda mais, ela se desfez quando toquei seu lado esquerdo e eles, os anseios, navegaram pela correnteza abaixo.
Guardei várias frases de impacto, mas meu bolso furado fez com que as letras viajassem sob as folhas caídas no outono precoce desta minha vida um tanto desengonçada, mas deixarei que elas enfeitem suas guirlandas no natal.
A solidão assola, mas sei que não sou um individuo isolado como se fosse uma partícula segregada do Todo, ou até mesmo um átomo divorciado do universo assim como pensava outrora nas outras estações antes de chegar e sentar neste vagão vazio.
A saudade me chamou pelo nome, como se fosse uma amiga intima, não dei importância ao seu chamado e segui adiante caminhando pelo cateto oposto. A vida nem sempre é exata.
No término deste dia ou na alvorada do que está por vir sei que caminharemos juntos mesmo não estando juntos e a alegria que está preparada no amanhecer da eternidade pairará sobre nossas cabeças, mas a esperança divinal se acalanta em nossos peitos me arrancando suspiros.
A melodia do frio com a letra que o vento compôs sobre a alameda desta terra soa como os versos cheios de pretensões da lua invernal e diante de todas as afirmações e reflexões que de mão dadas tentam sobrepor-se ao advento manifestado da minha poesia camuflada questiono...Como poderá harmonizar um caos que já está reparado?