De longe vejo a chuva e então abro meu guarda-chuva para me proteger dos pingos que se lançam apaixonadamente para beijar o chão e também me proteger de fragmentos de meteoritos que visitam a minha atmosfera.
Devagar,assim como a chuva que eu vi de longe,caminho um pouco mais para perto de ti, mesmo com os pés inchados sobre estradas íngremes,sob céus azuis ou avermelhados, mesmo que o medo de medir cada passo dado venha tentar me derrubar te cantarei as canções de ninar pela manhã.
Gostaria de imprimir o teu sorriso,gostaria de escalar até teu coração, mas meus supostos terrores insistem em me seguir.
Então fecho os olhos e é a tua face que vejo dentro da minha íris e assim me sinto melhor.
Quero dançar contigo na relva musgosa até nossos pés se quebrarem, quero encostar tua cabeça em meus braços até sentir minha circulação parar.
Escreverei uma crônica com advérbios irregulares sem marcação ou pontuação, somente para não me prender à regras banais pensei em colocar frases clichês ou não mais usadas para que o impacto seja maior.
Mas nossas vidas tão cheias de vida parece se perder no vácuo destes dias vagos.
O que poderíamos fazer?
Acordar para o sonho e deixar que a realidade se realize por si mesma para que não sujemos nossas mãos.
Eu te vejo de perto e então fecho meu guarda chuva,não quero me proteger de tuas lágrimas que caem sonolentas em meus ombros e assim te convido a sentarmos perto do lago de águas esverdeadas.
Agora,fecha teus olhos e não pensa naquilo que passou,mas imagina o que pode acontecer.
Meus acordes ofereço à ti,como a primavera oferece as flores à humanidade, mesmo que todas estas coisas descritas à cima não aconteçam,ainda te cantarei as canções de ninar pela manhã.